Inovação que valoriza a vida: autores e referências

Sumário

Como todo processo de inovação, o conceito de inovação que valoriza a vida é uma abordagem em exploração e teste de aplicação. Mesmo sem uma referência única bibliográfica, há diferentes perspectivas e conceitos que dão a base para o que a Semente vem construindo na vanguarda deste assunto.

Conceitos como prosperidade, liberdade, ecossistemas sustentáveis, organizações regenerativas, justiça social e climática, e o próprio conceito de inovação. E é por ele que iniciaremos a exploração destas referências:

Inovação é resolver problemas reais com soluções de mercado em ambientes com altos níveis de incerteza.

Como explorado neste artigo sobre a palestra de Eric Ries no Brasil, o ecossistema de inovação foi desenvolvido com diferentes entendimentos de “problema”. Isto abriu caminhos distintos entre os problemas sistêmicos que vemos hoje no mundo, como os compilados pelas ODS (Objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU) e os problemas de cunho próprio e pessoal, como o enriquecimento financeiro através da escala de negócios não tão sustentáveis.


Base conceitual

A inovação que valoriza a vida, conforme proposto pela Semente Negócios, é um conceito que abrange diversas abordagens e perspectivas de pensadores e autores notáveis. Nesse contexto, é essencial considerar os insights de Jan Konietzko, Ankita Das e Nancy Bocken; de Clayton Christensen, de Vandana Shiva e de Ailton Krenak para entender como esse conceito se materializa. Vamos a eles:

Prosperidade:

Clayton Christensen é o precursor da inovação disruptiva e da necessidade das empresas inovarem não apenas em produtos e serviços, mas também em modelos de negócios, adaptando-se a um mundo em constante mudança. Ele explora o conceito de prosperidade em seu livro “Como avaliar sua vida”. 

Prosperidade é o processo pelo qual cada vez mais pessoas em uma região melhoram seu bem-estar econômico, social e político. 

Segundo ele, atenuar a pobreza não é o mesmo que criar prosperidade. “A prosperidade gera liberdades crescentes — econômicas, sociais e políticas — e é menos dependente de um acesso a um ou dois recursos singulares, como o petróleo.”

Liberdade:

Falando em liberdade, esse é um conceito pouco explorado e essencial para entender a relação entre inovação que valoriza a vida.

Amartya Sen em seu livro “Desenvolvimento como Liberdade” argumenta que a liberdade não deve ser entendida apenas como ausência de coerção ou restrições, mas como a capacidade das pessoas de fazer escolhas significativas e viver vidas que valorizam. Essa abordagem, conhecida como “liberdade positiva”, ressalta a importância de ampliar as oportunidades e as capacidades das pessoas para que possam buscar uma vida que considerem valiosa.

Negócios regenerativos:

Jan Konietzko, Ankita Das e Nancy Bocken, por meio de seus estudos sobre negócios regenerativos, nos convidam a repensar a forma como conduzimos nossas atividades empresariais. Eles destacam a importância de criar negócios que não apenas prosperem economicamente, mas também regenerem os recursos naturais e sociais que utilizam. Contribuindo assim para a sustentabilidade do planeta e o bem-estar das comunidades. A inovação que valoriza a vida entra aqui como caminho, desenho de soluções para essa mudança nas organizações.

Já começamos a ver os pontos de contato aqui, certo? Vamos trazer mais dois autores com conceitos emprestados da natureza para ampliar a percepção de problema.

Justiça social e climática:

Vandana Shiva argumenta que a degradação do meio ambiente e as mudanças climáticas frequentemente impactam mais severamente as comunidades mais pobres e marginalizadas. Seu trabalho defende uma abordagem para a justiça que inclui a proteção do meio ambiente e a garantia de igualdade em relação às questões climáticas.

Em seu livro “Earth Democracy”, apresenta uma visão de democracia que se baseia na proteção do meio ambiente e na justiça social. Ela destaca a importância de valorizar a vida em todas as suas formas e de preservar a biodiversidade do planeta como parte fundamental da democracia.

Já Ailton Krenak, autor de “Ideias para Acabar com o Fim do Mundo”, aborda a relação entre seres humanos e a natureza. Ele nos convida a repensar nosso papel no mundo e a adotar uma relação mais harmoniosa e sustentável em relação ao meio ambiente.

O que é, então, inovação que valoriza a vida?

Diante dessas perspectivas, a Semente Negócios propõe o conceito de inovação que valoriza a vida, concentrando-se em resolver problemas reais – a partir dessa visão ampliada de problema que engloba a relação e a responsabilidade com o mundo e o impacto social e ambiental das organizações -, com soluções de mercado em ambientes com alto nível de incerteza, 

Isso significa que a empresa procura não apenas criar produtos ou serviços lucrativos, mas faz isso enquanto considera seu impacto no meio ambiente, nas comunidades e na sociedade como um todo. 

A inovação é direcionada para a criação de soluções que regenerem recursos, promovam a justiça social e sejam resilientes diante de desafios e incertezas.

Portanto, a inovação que valoriza a vida, inspirada nas ideias desses autores e pensadores, representa um compromisso com a criação de negócios sustentáveis, que não apenas prosperem economicamente, mas também contribuam para um mundo mais equitativo e saudável, respeitando e preservando a vida em todas as suas manifestações.

Caminhos para uma inovação que valoriza a vida

A inovação que valoriza a vida considera a qualidade de vida, a justiça social, a preservação do meio ambiente e a equidade como partes intrínsecas de seu processo. Na Semente abordamos o processo de inovação através de quatro lentes:

  • Sustentabilidade: Ao adotar práticas de negócios que regeneram recursos naturais, em vez de esgotá-los. Ainovação contribui para a sustentabilidade ambiental, um dos maiores problemas sistêmicos que enfrentamos.


  • Justiça Social e Climática: Ao considerar o impacto das inovações nas comunidades, a inovação que valoriza a vida busca promover a equidade e ajuda a combater desigualdades sistêmicas, ao aumentar as oportunidades e capacidades das pessoas para viver de maneira mais digna e sustentável.

  • Resiliência: Ao apoiar a criação ou o desenvolvimento de soluções que são adaptáveis a ambientes de alta incerteza. Esta abordagem de inovação contribui para enfrentar desafios sistêmicos, como crises econômicas, climáticas ou de saúde.

  • Dignidade Humana: Valorizar a vida significa reconhecer a importância de permitir que as pessoas escolham e busquem vidas que considerem significativas, respeitando suas características, culturas, valores e aspirações.

A Semente desenha e executa soluções de inovação que valorizam a vida em projetos que busquem a sustentabilidade e a resiliência em grandes organizações. Além de desenvolver programas buscando promover bem-estar social, econômico e político em territórios, endereçando soluções de justiça social e climática, e da dignidade humana.

É importante destacar que a inovação que valoriza a vida não é um remédio único para todos os problemas sistêmicos do mundo. Ela é parte de um conjunto mais amplo de abordagens que devem incluir políticas públicas, engajamento da sociedade e colaboração global. 

No entanto, ela oferece um caminho viável e necessário para endereçar muitos dos desafios sistêmicos de nosso tempo, promovendo a liberdade e aprimorando o bem-estar das pessoas em todo o mundo.

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Alline Goulart
Sócia-diretora na Semente Negócios, atua apoiando a organização no desenho e estruturação da estratégia de crescimento a partir de inovação que valoriza a vida.

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