Neste artigo você entenderá porque investir em inovação deve ser incorporado na rotina da sua empresa e encontrar respostas para:
- Por que o empreendedorismo é, por definição, inovador
- Que perguntas devem ser feitas ao startar um processo inovador
- O que deve ser observado na implementação de um processo inovador na sua empresa
Schumpeter já argumentava, lá nos meados dos anos 40, que a inovação seria necessária para quebrar algo conhecido como “fluxo circular do mercado”, a fim de criar um novo fluxo, completamente diferente. Na economia de fluxo circular, a vida transcorre monotonamente, de forma que cada bem encontra seu mercado, período após período.
Nesse contexto existem incrementos na produtividade via melhorias em processos de trabalho e aderência de bases tecnológicas no processo produtivo; trata-se, entretanto, de tecnologias já assimiladas e incorporadas na matriz econômica. Assim, as mudanças econômicas substanciais não podem, na visão do “pai da inovação”, acontecer nesse contexto de economia de fluxo circular, uma vez que nele existe a reprodução de sistemas vinculados a negócios anteriores, em equilíbrio.
Caberia a um novo agente quebrar esse fluxo. Este agente, o empresário, capacitado para inovar através de seus conhecimentos, geraria uma ideia que, se bem sucedida, alcançaria lucros extraordinários (acima daquelas margens apertadas de produtos parecidos brigando em oceanos vermelhos). Este novo ciclo faria com que novos empresários entrassem nesse mercado, produzindo os mesmos produtos , geralmente, de forma mais barata, uma vez que estes novos competidores não tiveram os mesmos custos de P&D do primeiro – e/ou porque adentram o mercado com um design dominante, absorvendo os aprendizados gerados pelo primeiro produto.
Para compreender na prática, basta observar o Orkut/Myspace e a perda de mercado destes para o Facebook. Percebe-se que um novo equilíbrio é estabelecido, as empresas passam a incorporar a nova base tecnológica liderada pelo empresário inovador; ou seja, aquilo que foi inovação torna-se produto comum, competindo em oceanos vermelhos novamente, obrigando o primeiro empresário a liderar um novo processo de inovação.
A rotina como artifício da inovação
A pequena referência anterior a teoria schumpeteriana nos remete à importância não só de estarmos comprometidos com a inovação – seja através do empreendedorismo seja através das corporações – mas também tratá-la como pauta contínua nas nossos rotinas. Isto porque, como vimos, o que é inovação hoje, não será amanhã.
Os lucros extraordinários em oceanos azuis de hoje, certamente serão brigas por margem em oceanos vermelhos amanhã.
Aquelas firmas que inovam possuem certa capacidade de monopólio temporário, podendo ter maior flexibilidade em arbitrar preços uma vez que “se ninguém faz o que faço, posso praticamente cobrar o que quero” enquanto as demais tendem a competir por produtos e serviços substitutos ou semelhantes, que possuem margens parecidas e, portanto, preços atrelados ao equilíbrio da oferta X demanda.
Empreendedorismo inovador
Sabemos que a rotina pode estar a serviço do mindset inovador, mas como? A inovação emerge a partir do conhecimento de uma empresa/empreendedor na busca por fazer de forma mais eficiente o que está sendo oferecido no mercado.
Ou, nas nossas palavras, empreender é resolver problemas reais através de conhecimento aplicado na criação de produtos/serviços, processos, gestão, marketing.
Sim, empreender é intimamente ligado à inovação – e não a abrir empresas ou lançar produtos. Para este segundo caso, a língua inglesa tem uma definição muito melhor que a nossa: self-employment.
A opção de inovar
Precisamos estar constantemente aumentando nossa capacidade de aprender e de explorar esses conhecimentos para conseguirmos empreender (na forma de inovação). Nesse processo de drive to learn, não necessariamente criamos o mais vantajoso para a nossa demanda.
Assim, percebemos que há um dilema contínuo das empresas – e que tanto outras empresas quanto empreendedores devem estar atentos… é melhor fazer ou comprar? A decisão de uma empresa fazer a inovação deve ser tomada se, e somente se, essa empresa consegue fazer de forma mais eficiente do que aquilo que está sendo ofertado no mercado. Caso não faça, é melhorar terceirizar.
Ou seja, se sou o maior fabricante de bebidas do Brasil, posso tomar a decisão de inovar desenvolvendo a logística internamente na empresa se, e somente se, o custo (incluindo o custo de oportunidade) for menor do que contratar um fornecedor. Neste cenário, vale a pena verticalizar essa solução como uma inovação em processo.
Esta lógica deve ser uma constante do empreendedor inovador: será que o produto (inovador) que desenvolverei resolverá o problema de forma mais eficiente do que o mercado está oferecendo? Se a resposta for sim, é provável que você deva desenvolver!
Ótimo, então é uma decisão simples? Não! Justamente porque é no desenvolvimento que mora a maior parte dos problemas; falaremos disso adiante. Por hora, deve-se compreender que há uma tendência de mercado que tem sido extremamente positiva para o empreendedorismo:
Por causa da especificidade (ou profundidade) de conhecimento que tem sido alcançada por empresas e universidades, os conhecimentos para desenvolvimento de produtos estão se tornando cada vez mais complexos. Essa complexidade deve fazer com que as empresas foquem e inovem cada vez mais dentro do seu core business. Essa equação tem nos ajudado a perceber que o dilema “Fazer ou Comprar” pode estar encontrando uma resposta de mercado. A terceirização daquilo que não é principal têm aberto oportunidade para a emergência de novos empreendimentos, criando soluções inovadoras para atender demandas genéricas (ex.: logística) e específicas (ex.: microprocessadores) dessas empresas.
Como desenvolver um processo inovador
Comentamos anteriormente que a decisão por inovar não é simples, mas que esta não é a parte mais desafiadora do processo de inovação. Há uma gap entre a tomada de decisão, a definição de métricas compatíveis com um processo inovador e o desenvolvimento das soluções que necessita ser observado.
Auxiliamos diversos negócios inovadores e áreas de inovação de empresas a transformarem suas ideias e projetos em negócios reais (veja um exemplo de apoio ao início de um laboratório de inovação aqui), e posteriormente a escalarem. Esta tarefa parte de um complexo sistema de testes de hipóteses, desenvolvimento de protótipos, avaliação da jornada de compra do cliente e tomada de feedbacks constantes.
Depois de acompanhar mais de 1.000 iniciativas inovadoras, identificamos uma série de problemas relacionados principalmente ao encaixe entre problema-solução e solução-mercado. Ou seja, os líderes desses projetos, por mais que tenham a bagagem da inovação e o conhecimento de metodologias ágeis, lean startup (e muitas outras) normalmente não conseguem aplicar tal orientação na sua realidade, ou por falta de experiência, ou por falta de uma metodologia que seja mais compatível com a sua prática.
Acreditamos que o empreendedorismo e a inovação não são ensinados apenas em sala de aula, mas vivenciando de fato a inovação, através da prática, do teste, do erro e ajuste rápidos, da conexão com outros líderes e de um profundo conhecimento de experiências de quem já trilhou esse caminho de oceano azul.
Assim, a partir da nossa missão de distribuir capacidade de inovação pelo Brasil (e quiçá pelo mundo), criamos uma metodologia para líderes de inovação aprenderem a empreender um processo próprio, técnico, comportamental e verdadeiro.
Queremos apoiar uma efetiva transformação nas empresas, labs e iniciativas empreendedoras, e sabemos que isso só será possível se os líderes tiverem a capacidade de aprender, empreender, ressignificar e testar, de forma constante, no sentido da inovação.
Chamamos este mindset de empreendizagem: uma sutil disputa entre o campo teórico e prático que nos permite alimentar constantemente a rotina de inovação.
Faz sentido para você? Vamos conversar!
Este artigo foi escrito em conjunto com Ellen Carbonari, sócia e head de Impacto na Semente Negócios