Premissas e conceitos importantes para a construção de um bom programa de inovação na sua empresa.
Que a inovação é a nova força motriz das empresas, que representa um agregado importante para a competitividade e que determina o desenvolvimento das nações, todo mundo já sabe. No entanto, como estruturar a inovação em uma organização já existente, que possui processos e rotinas pré-estabelecidas, estruturas hierarquizadas e tomada de decisões ainda lentas, de modo que a mesma consiga se inserir nos princípios dessa Nova Economia cada vez mais complexa e acelerada?
Ao decorrer desse artigo iremos trazer algumas premissas e conceitos importantes que precisam ser levados em consideração no momento em que gestores estão construindo o seu programa de inovação corporativa.
A Nova Economia
Nova economia é uma expressão criada no final da década de 1990, para descrever o resultado da transição de uma economia baseada na indústria para uma economia baseada nos serviços. A primeira pessoa a falar sobre a Nova Economia foi Michael J. Mandel, em 1996, na obra “The Triumph of the New Economy”, quando ocorreu a explosão das empresas.com. Esse período foi caracterizado pelo desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação, altas taxas de crescimento econômico, baixa inflação e alto nível de emprego, num contexto de globalização da economia.
A Nova Economia é baseada no conceito de tempo real da Internet, em que distâncias não existem e com a pandemia provocada pelo COVID-19 se intensificou ainda mais. Há a inversão do foco, do empresário e seu produto, para a satisfação de necessidades reais do cliente, em cenários de alta incerteza, instabilidade e aceleração. A Nova Economia não traz consigo apenas uma era de mudanças mas, de fato, representa uma mudança de Era. Passamos da Era Contemporânea para a Era da Complexidade.
Empresas que estão construindo seus programas de inovação corporativa, precisam ter em mente que a Era da Complexidade é caracterizada principalmente por três pontos:
1- Criatividade: soluções antigas não resolvem os novos problemas;
2- Inteligência da automação: todas as atividades lineares, repetíveis e programáveis poderão ser feitas por máquinas;
3- Economia da experiência: a experiência é mais importante que a posse;
A Economia da Experiência
O que chamamos de Economia da Experiência é um acontecimento recente, provinda dos conceitos da Nova Economia que se iniciaram no final da década de 90, potencializada pelo advento da internet, a popularização das redes sociais e do uso de smartphones. Isso fez com que o relacionamento com as marcas e a jornada para compra deixasse de ser linear. Os pontos de contato com o consumidor aumentaram e novas formas de interagir estão sendo criadas, seja em mídia, em e-commerce ou pontos presenciais.
Quem popularizou a experiência no mundo dos negócios foi um escritor e consultor chamado Joseph Pine, em 1998. Pine defende que, depois de vivermos a economia das commodities, dos produtos e dos serviços, os negócios inovadores líderes do futuro serão aqueles que encantarem clientes com experiências inesquecíveis. Ao criar um programa de inovação corporativa em busca de novas soluções, os gestores precisam ter em mente que não basta apenas servir, é preciso criar uma experiência única e especial.
Para mostrar como as eras econômicas mudaram ao longo dos anos e como chegamos à Economia da Experiência, vamos usar o café como exemplo:
- Na economia das commodities, o que importava era a matéria-prima. O grão do café era vendido direto das fazendas ou feiras, as pessoas torravam e faziam seus cafés em casa;
- Na economia dos produtos, começamos a comprar o café já torrado em mercados, e que também era coado e consumido em casa;
- Já na economia dos serviços, compramos o café pronto para consumo, incluindo variações como cappuccino, mocaccino, pingado e expresso;
- Por fim, na economia da experiência, não só compramos o café pronto, mas também toda a atmosfera do ambiente onde o consumimos, essa experiência gera diferenciação, e a diferenciação é o agregador de valor na formatação dos preços.
As Organizações Exponenciais
Além de entender sobre a Nova Economia e a Economia da Experiência, empresas que querem criar um programa de inovação corporativa, precisam também conhecer os preceitos das Organizações Exponenciais.
O conceito de Organização Exponencial (ExO) nasceu em 2014, através do livro Organizações Exponenciais, escrito pelos professores da Singularity University (SU), universidade americana que tem sede no Centro de pesquisas da NASA, e se dedica ao estudo de tecnologias que crescem exponencialmente.
Para eles, as EXOs se referem ao impacto desproporcionalmente maior que causam quando comparadas a empresas de modelo tradicional, elas desenvolvem soluções melhores, mais rápidas e mais baratas. No geral, a capacidade de crescimento de uma organização exponencial chega a ser dez vezes mais do que a de suas concorrentes por conta do uso da inovação a favor do negócio.
Mas o que essas organizações têm de diferente das organizações tradicionais?
No passado, quanto maior a força de trabalho de uma empresa, mais ela produzia. Por isso era tão difícil competir com as grandes organizações. Hoje, a tecnologia não apenas alterou o comportamento do consumidor, mas também permitiu agilizar, eliminar processos manuais e automatizar tarefas repetitivas dentro das empresas. Nesse cenário, a força de trabalho excessiva passa a ser uma barreira, que reduz a velocidade das operações.
Resumindo, as organizações exponenciais são aquelas que se livraram da barreira de uma força de trabalho excessiva e, por isso, têm uma velocidade de operação e de crescimento muito mais rápida. Enquanto organizações tradicionais operam de maneira linear, com uma quantidade limite de recursos, as organizações exponenciais trabalham com um modelo de negócio escalável. Ou seja, algo que se pode reproduzir repetidamente em grande quantidade e com alto ganho de produtividade.
As Organizações ambidestras
A perenidade de qualquer organização depende cada vez mais da sua capacidade de identificar e resolver os problemas de seus clientes, de uma forma mais rápida e mais precisa que seus concorrentes. Empresas inovadoras precisam estar mais aptas a identificar e explorar novas oportunidades, assim como favorecer a confluência entre conhecimentos internos e externos para criação de valor no formato de novas soluções tanto para dentro quanto para fora da organização. Ou seja, conseguir trabalhar inovação em diversas frentes e concomitantemente operando o seu core business.
A Ambidestria organizacional é a capacidade de buscar simultaneamente inovações e mudar os resultados utilizando múltiplas estruturas, processos e culturas contraditórias dentro da mesma empresa. Os gestores ambidestros são aqueles que veneram o passado, mas estão dispostos a mudar continuamente para enfrentar o futuro.
O conceito de ambidestria organizacional foi introduzido no mercado em 1991, por James G. March, professor de Stanford, através do seu estudo Exploration and Exploitation in Organizational Learning. Segundo ele, as empresas inovadoras precisam conseguir gerir o seu portfólio de inovação levando em consideração 2 frentes principais:
1- Exploration (ou exploração): atividades voltadas a experimentação e com maior grau de inovação (inovações radicais ou de arquitetura);
2- Exploitation (ou explotação): atividades voltadas para o refinamento e eficiência, ou seja, são aquelas inovações incrementais em produtos e processos já estabelecidos na organização.
Após conhecer as premissas da Nova Economia, da Economia da Experiência, das Organizações Exponenciais e das Organizações Ambidestras e identificar como elas impactam na sua empresa, os gestores podem dar o segundo passo para tornar sua empresa mais inovadora e construir o seu programa de inovação corporativa: elaborar a estratégia e gestão da inovação.
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