Não é nenhuma novidade que o consumo de produtos sustentáveis está cada vez mais em alta. O número de restaurantes oferecendo pratos vegetarianos aumenta todos os dias e o apelo para que as marcas tradicionais incorporem práticas justas e ambientalmente corretas é determinante para muitos clientes na hora de optar por um produto ou outro.
Esse novo padrão de consumo está associado a um consumidor que busca de modo contínuo o que considera bom para si e para sua família.
Tudo isso eleva o patamar de exigência frente ao mercado de produtos sustentáveis. O que acaba gerando dúvidas e incertezas entre os empreendedores: para onde eu devo olhar se quero me manter à frente dos meus concorrentes?
Experiências memoráveis, fidelização de clientes, nicho de mercado, saúde do consumidor e posicionamento, são as respostas para essa pergunta que você encontrará neste post.
Experiências memoráveis e pessoas de verdade
Muitos consumidores já não buscam apenas um produto: querem uma experiência memorável, atrelada à história por trás do que adquirem.
No mercado de alimentos, por exemplo, o ato de comprar deixa de estar associado apenas ao prazer, e passa a ter um apelo muito mais voltado ao autocuidado e à saúde.
Conceitos como agricultura familiar, agroecologia, produção em pequena escala e livre de agrotóxicos se tornam diferenciais de sustentabilidade frente ao mercado tradicional de alimentos.
É por meio da história, da conexão e da aproximação com uma comunidade territorial específica que esse novo padrão de consumo encontra o mercado de produtos sustentáveis.
Saúde do consumidor
E essa preocupação perpassa gerações. A forma de consumir assume caráter preocupado com o futuro. Estudo do Organis (Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável) de 2019, aponta um aumento no consumo de alimentos orgânicos no país. Sendo “saúde” o motivo apontado como principal por 84% dos respondentes.
São novos pais e mães, preocupados com a saúde de seus filhos e filhas, sentindo a necessidade de garantir uma alimentação natural para seus bebês.
A ideia de saúde alimentar que antes era relacionada a quesitos como nutrientes, vitaminas e sais minerais, hoje tem muito mais a ver com o alimento ser livre de agrotóxicos, de açúcares e de aditivos químicos como conservantes. Se vier fora da embalagem, reduzindo a produção de lixo plástico, e desvinculado à indústria da carne, melhor ainda.
Fidelizando clientes de produtos sustentáveis
A preocupação com o impacto socioambiental que o consumo gera é outro ponto-chave presente nas escolhas dos consumidores.
Se há dez, vinte anos a preocupação com o meio ambiente era associada apenas ao fator de preservação, hoje ela vai muito mais além e passa a estar conectada a ações de reconstrução e regeneração.
Já não basta as empresas se preocuparem apenas com a menor geração de resíduos ou com o emprego justo da força de trabalho: isso é o mínimo a ser feito para se manter competitivo.
Para as empresas e negócios que querem se diferenciar dos seus concorrentes torna-se imperativo contribuir ativamente com práticas regenerativas, que causem um impacto positivo na natureza e na sociedade.
A Presidente do Board da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, Sonia Consiglio Favaretto fala sobre a importância das empresas fazerem parte da agenda sustentável, ao engolobarem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis da ONU em seus negócios.
“Queremos — e precisamos — mostrar que os ODS não se resumem a projetos sociais e ambientais. Não representam algo descolado do negócio. Eles indicam as principais tendências”.
Não basta não desmatar; é preciso plantar novas árvores e recuperar áreas degradadas. Não basta não poluir os rios e mares; é preciso retirar o lixo e restaurá-los.
E como eu me posiciono nesse novo mercado?
Estas novas tendências de consumo demandam que as marcas e as empresas repensem seu posicionamento para ofertar produtos e serviços sustentáveis.
Aspectos gerais a serem levados em conta:
- Expectativa ambiental: clientes bem informados querem saber de onde veio, quem produziu e como é o contexto em torno daquilo que estão consumindo. Empresas que entregam soluções de rastreabilidade em sintonia com uma pegada eco-consciente conseguem sair na frente. Trazer a história dos produtores no rótulo de uma embalagem de café ou inserir um QR code que permite ao comprador conhecer todas as etapas da cadeia produtiva são algumas práticas inovadoras de rastreabilidade que cooperativas do Desafio Conexsus estão implementando em seus modelos de negócio junto com a Semente.
- Pertencimento: as empresas e marcas precisam trazer histórias, pessoas e conexão para os seus produtos, agregando para o cliente o sentimento de autenticidade e senso de pertencimento a uma comunidade ou local. Todo ato de compra é revolucionário, é o mantra do novo mercado de produtos sustentáveis – e as marcas que não conseguirem agregar ao seu redor uma causa genuína estão com seus dias contados.
- Animal friendly: a ação de comprar e comer com propósito não precisa significar sacrifício. O crescimento do mercado de produtos veganos extrapola a alimentação e chega às indústrias de cosméticos e produtos de limpeza. Se antes o “carimbo” vegano poderia significar uma restrição de mercado e incorrer em riscos para a empresa (mas por quê você está restringindo o seu mercado?), algumas empresas conseguem enxergar nesse posicionamento um diferencial, conquistando não só clientes veganos e vegetarianos mas toda uma gama de simpatizantes que orbitam com a causa sustentável. Até porque não é preciso ser vegano para consumir e apoiar uma causa amiga dos animais!
- Lixo zero: as empresas têm a oportunidade única de reduzir o lixo e criar novas ofertas, utilizando subprodutos como ingredientes ou insumos para desenvolvimento de novas soluções. Vários negócios que já passaram pela Semente vêm atuando neste segmento: Meu Copo Eco, Somos Numa, Levithai são alguns!
- Regeneração: práticas e soluções que visam curar os danos que já foram feitos à terra destacam-se como um tipo de produto e/ou serviço com alta demanda no mercado sustentável. O apoio ao movimento agrícola regenerativo ou práticas como promoção ao replantio – como as agroflorestas – associam os negócios envolvidos à geração de maior valor. No Rio Grande do Sul, a cooperativa e marca de produtos orgânicos COMAFITT, por exemplo, vem incentivando os seus agricultores familiares a implementarem agroflorestas consorciando a banana orgânica, que já é um cultivo tradicional na região, com palmito jussara, planta nativa da mata atlântica.
Produtos sustentáveis: sua marca como referência
“Mas como eu me diferencio? Devo buscar algum tipo de certificação?” A sua marca é a certificação!
Nesse contexto de alta competitividade do mercado de produtos sustentáveis o essencial é que você construa a sua marca de modo que ela própria se torne o selo certificador de qualidade, saúde e sustentabilidade.
Isso significa, em primeiro lugar, definir um posicionamento claro, com uma proposta de valor genuína e condizente com as suas práticas ecológicas, e que chame atenção do seu público alvo para a sua marca.
O segundo passo é conquistar a confiança do seu cliente. Faça de tudo para que ele saiba quem você é, que por trás do seu produto existem pessoas de verdade, trabalhando em prol de um bem maior – a saúde dele, da sua família e do mundo.
Gere conexão e pertencimento fomentando uma rede de parcerias em torno da causa na qual você e seus clientes acreditam. A experiência de interação com a sua marca se estende para além do momento de compra, gerando laços de afetos com a solução que você está entregando.
Conte, mostre e escreva a história por trás dos rótulos, agregando autenticidade e relevância para o seu negócio.
E, por fim, peça ajuda para quem já fez! Se você ainda tem dúvidas ou não sabe por onde começar, busque inspiração em marcas que já se destacam no mercado sustentável.
Aqui na Semente estamos sempre dispostos a te ajudar neste processo de construção do seu negócio inovador – o que, sabemos bem, vai muito além do seu produto. Manda uma mensagem pra gente e vamos conversar!
*Esse post foi escrito por Andresa Wendt em parceria com Luciana Brandão