Em momentos de crise globais, como vivemos atualmente por conta do surgimento do novo coronavírus, precisamos sempre estar prontos para nos adaptar, reinventar e inovar.
Além disso, o avanço tecnológico e a era do conhecimento têm aumentado a pressão sobre grandes organizações para que consigam se manter competitivas. Este novo cenário exige dos líderes e colaboradores novas posturas no ambiente empresarial e a inovação acaba se tornando um processo essencial para a saúde do negócio. Nos dias de hoje, o diploma da faculdade e as competências técnicas não são os únicos fatores de destaque para a vida profissional. É preciso que o colaborador tenha atitudes empreendedoras, ou seja, deve ser inovador, criativo, persuasivo e ousado. As organizações têm buscado cada vez mais colaboradores com esse perfil para que seja possível adotar iniciativas de intraempreendedorismo nas empresas.
Uma das alternativas para adaptar-se a esse novo modelo econômico é o estabelecimento de práticas favoráveis à cultura (intra)empreendedora, ou seja, saber gerir pessoas, seu capital intelectual, tratar seus colaboradores como parceiros, incentivar sua participação e utilizar ao máximo seus talentos para obtenção da sinergia necessária para o desenvolvimento do negócio. A adoção dessa cultura voltada à inovação ajuda a reter o capital intelectual desses empreendedores corporativos responsáveis por ações de intraempreendedorismo nas empresas, possibilita maiores índices de produtividade no dia a dia e aumenta a competitividade da empresa num mercado global cada vez mais exigente.
O último relatório de monitoramento global de empreendedorismo (GEM) aponta que menos de 1% dos adultos brasileiros desenvolvem atividades de intraempreendedorismo como parte do seu trabalho rotineiro. Um índice impressionantemente baixo quando comparado aos mais de 8% em países como Austrália, Reino Unido e Emirados Árabes. Mas o que podemos fazer para aumentar o índice de intraempreendedorismo nas empresas? A resposta não é simples e não existe uma fórmula exata.
O incentivo à cultura da inovação através do intraempreendedorismo pode ser implementado de diferentes maneiras, como hackathons e programas de ideias. Contudo, a maneira mais estruturada para se fazer é através de programas de intraempreendedorismo. Esse programas demandam planejamentos específicos para que sejam estruturados da maneira correta, ou seja, demandam esforços e recursos: espaço físico, pessoas, tempo e dinheiro da organização.
Cada caso é um caso
Vale lembrar que cada organização tem suas individualidades e modus operandis, o que significa que os programas de intraempreendedorismo nas empresas são diferentes para cada uma delas, pois cada empresa tem suas particularidades, seja no ramo de atividade, os processos internos, a cultura organizacional ou na sua natureza. Sendo assim, é necessário fazer uma avaliação dos pontos críticos, para depois adaptar ou criar um novo programa que atenda as necessidades da sua organização.
Empoderando o intraempreendedorismo nas empresas
O intraempreendedorismo surge como uma mudança estrutural nas organizações. As grandes empresas começam a utilizar o mindset das startups para testar rapidamente novas ideias e transformá-las em novas soluções.
Imagine um ambiente de trabalho onde todo os colaboradores sentem que eles podem fazer o melhor trabalho de suas vidas. Ele são encorajados a ter insights de forma autônoma conforme eles interagem e trabalham com os clientes e os produtos da empresa. Estes insights geram ideias que eles compartilham com seus colegas de trabalho, parceiros da empresa e até mesmo com os clientes, refinando e melhorando essas ideias ao longo dessa jornada. Os colaboradores podem escolher quais ideias eles são mais apaixonados e são encorajados a formar times para desenvolver rapidamente um MVP (sigla em inglês para Produto Mínimo Viável) e experimentar sua aplicação no mercado, junto ao público-alvo. Depois de diversas iterações com clientes, alguns dos times conseguem dados, validam as suas soluções e comprovam um potencial apoio ao crescimento da empresa como um tudo. Com essas validações em mãos, cada time prepara o seu pitch para apresentar sua solução para a liderança, que irá entusiasmadamente oferecer financiamento formal para a solução se tornar um produto do portfólio da empresa, ou ser internalizada como uma inovação de processos da organização.
Um ambiente de trabalho como esse já não é mais uma utopia, mas sim uma realidade presente em grandes organizações consideradas inovadoras que empoderam a “linha de frente” dos colaboradores em direção ao empreendedorismo corporativo.
Aqui vão 6 dicas que servem para potencializar o intraempreendedorismo nas empresas
- Tempo e liberdade
Colaboradores recebem um tempo específico, fora das suas atividades normais de trabalho, para trabalhar em suas próprias ideias e fomentar o intraempreendedorismo nas empresas. Claro que deve-se definir um tempo específico para isso, pois apenas comunicar que os colaboradores podem inovar, mas não determinar quando e nem quanto muito provavelmente não irá trazer impacto positivo para inovação. Normalmente, empresas oferecem aos colaboradores esse tempo específico estipulando um dia da semana ou do mês para eles pensarem em inovação, ou determinando uma porcentagem de tempo específica para trabalharem em projetos de inovação.
Dessa forma, os colaboradores recebem autonomia para explorar as ideias que eles gostariam de desenvolver.
- Suporte para Inovação:
Para conseguir trazer um senso de governança para as iniciativas de intraempreendedorismo nas empresas, os empreendedores corporativos devem receber suporte de mentores que forneçam as ferramentas e orientação necessária para acelerar o processo de inovação da empresa. Além disso, é importante que a empresa conte com um comitê de inovação, normalmente composto por pessoas de cargos estratégicos, para que o processo de inovação seja melhor orientado.
- Utilização do Design Thinking
Colaboradores devem ser treinados e orientados a utilizar metodologias orientadas ao cliente, como Design Thinking, a fim de se tornarem empreendedores corporativos eficientes. Alguns princípios dessa metodologia incluem: foco expressivo nas necessidades dos clientes, onde os intraempreendedores se aprofundam em ter empatia pelo cliente ou usuário; avaliar exaustivamente todas as possíveis soluções, antes de efetivamente escolher uma; e por fim refinar a solução escolhida através de rápidas iterações de protótipos com seu público-alvo.
- Colaboração aberta
Os colaboradores devem descobrir com facilidade, em quais ideias os outros colaboradores estão trabalhando em seus tempos dedicados à projetos de inovação. Assim, todos podem contribuir oferecendo feedbacks ou até mesmo ingressando como colaborador do projeto, formando um time mais diverso e sem barreiras organizacionais.
- Lean
Para trabalhar o intraempreendedorismo nas empresas, ferramentas e infraestrutura devem ser oferecidas para os colaboradores testarem e validarem suas ideias. As decisões devem ser orientadas por dados ao invés de opiniões dos líderes da empresa. Os empreendedores corporativos devem poder avançar rapidamente da ideia, para hipótese a ser testada, para finalmente resultados do experimento. A velocidade desse ciclo determina, em linhas gerais, a capabilidade de inovação da empresa.
- Alinhamento para o “Sim”
Em uma empresa que busca ter uma cultura de inovação, onde colaboradores recebem autonomia para inovar, a alta liderança tem um papel muito crítico. Ela é responsável por quebrar barreiras organizacionais que aparecem no caminho dos intraempreendedores. Como ela pode fazer isso? Garantindo que todos colaboradores estejam engajados e entusiasmados com o processo de inovação. Além disso, ao invés de dizer “não” para as perguntas difíceis dos colaboradores, a prática prevalecente se torna uma quebra de barreiras em busca de como aprender a dizer “sim” para as ideias dos intraempreendedores.
Além dessas dicas preciosas, para que o intraempreendedorismo nas empresas tenha sucesso, é fundamental que se crie um pipeline de inovação, que é um processo pelo qual projetos de inovação percorrem desde sua concepção até a escala. Basicamente, ele é dividido em estágios, cada qual com suas atividades específicas e marcos de passagem a serem alcançados para reduzir a incerteza, com o que a equipe responsável pela iniciativa (ou o comitê de inovação) passa a ter condições (dados) para tomar a decisão de avançar, pivotar ou cancelar o projeto.
Esse processo serve para que as ideias que de fato alcançarem altos níveis de validação recebam o investimento e acompanhamento apropriado para continuarem sendo desenvolvidas e implementadas.
Lembre-se que o foco do intraempreendedorismo nas empresas não é inventar coisas, e sim resolver problemas reais com soluções de mercado viáveis, em ambientes com altos níveis de incerteza.
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