A gestão da inovação tem sido um dos maiores desafios dos últimos anos. De um lado, é necessário garantir o andamento do dia a dia da empresa, pautado em rotinas e processos. De outro, é necessário pensar no futuro, rodeado de muitas incertezas.
O principal papel dos Gestores nesse cenário é olhar para o mercado em que a empresa atua, verificar as tendências que existem para esse mercado e, então, definir quais serão as diretrizes para o processo de inovação.
Segundo o relatório de inovação publicado pela Escola de Negócios IMD – de Lausanne, Suíça – normalmente, mercados mais maduros, como metal mecânico, moveleiro e de vestuário, tendem a implementar inovações mais voltadas a processos, por possuírem uma cultura mais rígida. Mercados emergentes, como tecnologia, energia alternativa e biotecnologia, tendem a lançar inovações mais disruptivas por possuírem uma cultura mais livre.
É importante ter em mente que a empresa não precisa se tornar totalmente disruptiva de um dia para o outro, nem precisa instalar tobogãs em sua sede para ser considerada inovadora.
A inovação é uma ciência, e como ciência, pode ser trabalhada aos poucos (isso não significa que seja lentamente), pautada em ações e responsabilidades pré-definidas. E, conforme a temática for amadurecendo internamente, os prazos podem se tornar menores e os níveis de risco a serem assumidos, maiores.
Apesar de não haver uma fórmula mágica para implantar a gestão da inovação, pois a inovação depende preponderantemente de pessoas, e o que funciona para mim, pode não funcionar para você, existem alguns passos que ajudam a nortear este trabalho.
6 passos para implantar a gestão da inovação
1. Defina o que é inovação para a sua empresa
Antes de começar qualquer movimento em prol da inovação, a empresa precisa ter uma definição clara do que é e o que não é inovação. Entender o conceito facilita na busca por metodologias e ferramentas, no alinhamento estratégico da organização, no engajamento dos colaboradores e na tomada de decisão. A definição precisa ser simples para que todos entendam, mas também deve ser gerenciável e quantificável para que, posteriormente, sejam estabelecidos objetivos, metas e indicadores de inovação.
2. Mapeie as iniciativas de inovação
Certamente sua empresa já tem alguma iniciativa de inovação acontecendo em algum setor ou departamento. Ou alguma iniciativa que se iniciou, mas não foi finalizada por algum motivo. Mapeie todas essas iniciativas, converse com as pessoas responsáveis por elas para entender quais são as dificuldades e barreiras, quais as metodologias que elas utilizaram e o que deu certo e o que deu errado durante o processo. Esse mapeamento permitirá que você tenha uma noção geral de como a temática está sendo trabalhada pelos diversos níveis da empresa.
3. Construa uma tese de inovação
A tese de inovação é um norteador de todo o trabalho em prol da inovação que a empresa desenvolverá ao longo dos anos. Ela delimita quais são as iniciativas que a companhia focará, os mercados que ela buscará, as organizações que ela buscará se aproximar para fortalecer o ecossistema de inovação, etc. É a tese que alinha os objetivos da inovação aos objetivos estratégicos da empresa, fazendo com que esse tema não seja trabalhado isoladamente, mas sim que faça parte da cultura empresarial. Aqui no blog da Semente temos um artigo que explica o passo a passo para construir sua tese de inovação.
4. Defina a governança para a inovação
A estrutura de governança bem delimitada auxilia na construção da sua cultura de inovação, garantindo que o tema seja, de fato, tratado entre os objetivos estratégicos da empresa. Ainda que não exista uma estrutura única, três modelos são mais mundialmente usuais e comprovadamente trouxeram mais resultados para as empresas que as aplicaram:
- A Alta Administração sendo o Comitê de Inovação: nesse modelo quem exerce a responsabilidade pela inovação da empresa é um grupo formado pela alta administração, fazendo com que a inovação seja tratada de forma multidisciplinar e orientada do topo. Dessa forma, a governança tende a enfatizar mais fortemente a criação de novos produtos e serviços, deixando os processos como secundários. Empresas como Nestlé e IBM são exemplos que utilizam esse modelo.
- A formação de um Comitê de Inovação: nesse modelo é formado um comitê de inovação que será responsável pelo tema dentro da organização. Difere do modelo anterior, pois as pessoas são escolhidas conforme seu entusiasmo e conhecimento da temática, independentemente do cargo ou nível hierárquico. Esse comitê é responsável pela orquestração da inovação, não necessariamente pela sua execução. Tetra Pak, Philips e Roché utilizam essa sistemática de governança.
- Os Intraempreendedores ou Campeões da Inovação: nesse modelo a inovação não é propriamente delegada a alguém ou a algum grupo. São os próprios gerentes e colaboradores que, por iniciativa própria, iniciam projetos inovadores dentro da empresa. Há uma série de regramentos específicos que fazem com que a cultura organizacional seja orientada e incentivada para a geração de ideias por parte dos colaboradores. Esse é o modelo que a 3M utiliza. Grande parte das organizações o vê como ideal e visa conseguir implementá-lo internamente.
5. Defina as ações, metas e indicadores
Após ter todo o entendimento, diretrizes e estrutura da inovação organizados, está na hora de definir as ações que serão executadas pela empresa, além de metas e indicadores.
Apesar de ainda ser difícil medir grandes resultados obtidos com a inovação, é importante ter indicadores para medir o seu progresso, quais irão possibilitar que a empresa analise se está ou não alcançando seus objetivos. Aqui no blog da Semente temos um artigo que explica mais sobre os indicadores de inovação.
6. Comece pequeno
É importante ter em mente que a empresa não precisa mudar totalmente e se tornar disruptiva de um dia para o outro. A inovação pode ser trabalhada aos poucos, pautada em ações e responsabilidades pré-definidas. E, conforme a temática for amadurecendo internamente, a partir dos aprendizados gerados, os níveis de risco a serem assumidos e os níveis de investimentos podem se tornar maiores.
Por fim, não tenha medo da mudança!
A única maneira das empresas tradicionais estarem prontas para competir nesse ambiente de transformações rápidas é por meio de mudanças profundas e estruturantes, que são essenciais para a garantia de sua longevidade.
Gostou de saber mais sobre gestão da inovação? Continue acompanhando a Semente Negócios para saber mais sobre inovação corporativa!
1 comentário em “O que levar em consideração ao estruturar a gestão da inovação?”
Gostei muito! E fico na expectativa de mais informações.