Em nosso histórico como Semente já apoiamos muitos empreendedores e empreendedoras a tirar suas ideias do papel. Neste post, você vai entender como surge e como estruturar um negócio de impacto.
Para começar, vamos relembrar o que é negócio de impacto.
Imagina que a pessoa convive ou conviveu com uma situação e, algum dia, conseguiu visualizar uma solução que vai impactar positivamente a realidade daquela comunidade ou grupo que passa pela mesma experiência. Ela então resolve aplicar a solução e realizar um trabalho que tenha como foco o resultado a melhoria socioambiental.
É nessa linha que surge o negócio de impacto social.
Um negócio de impacto não é subsidiada por doações. É uma empresa que tem como premissa o cunho social e/ou ambiental, e como característica básica sua autoexecução e sustentabilidade.
Portanto, o negócio de impacto garante sua rentabilidade com sua própria operação comercial.
Ele também apresenta inovação no modelo de negócio, vende um produto ou serviço que, de alguma forma, vai melhorar a qualidade de vida de parte da população, além de ter potencial de alcançar escala e operar de maneira eficiente.
Como estruturar um negócio de impacto
Juliano Trevizan, ex-sócio da Semente, e com uma longa trajetória em impacto, fala sobre a importância da inovação neste contexto.
“A inovação tem que guiar esse processo. O que eu não sei que eu preciso saber? Que hipótese eu preciso validar? E ir fazendo esses testes para ter mais certezas do que incertezas,” ressaltou.
Parece fácil, mas para estruturar um negócio com esse perfil, o primeiro passo deve ser conhecer a fundo o problema.
Se o objetivo é melhorar a qualidade de vidas das pessoas, isso precisa estar claro e definido para que o produto não passe a ocupar esse lugar de prioridade.
É o momento de voltar e analisar a solução que você pretende vender, olhando para o impacto social.
Alline Goulart, sócia da Semente e experiente em laboratórios de inovação social, conta como começou a estruturar o seu negócio de impacto social:
“A primeira coisa que eu fui fazer foi pesquisar se o problema que eu tinha era um problema de mercado. Precisei, então, validar se essa dor era só minha ou se era de uma parcela relativa da população. Até aí cabe para qualquer tipo de negócio, mas desde o início fui pesquisar para ver se isso era um problema real e como encontrar uma solução que impactasse toda a cadeia”.
Primeiros passos
Para começar a estruturar, será preciso:
1 – entender o público-alvo do negócio,
2 – buscar ferramentas para compreender as dores, ações e objetivos de quem será atingido pelo trabalho, com a elaboração de mapas de empatia e personas, personagens que possam refletir o que pensa seu cliente,
3 – validar que o problema encontrado antes de validar a solução.
Segundo Juliano, todo negócio de impacto precisa ter a ferramenta da teoria da mudança ou tese de impacto, que ajudar a compreender os vários modelos diferentes de dizer a mesma coisa. Mas o que é essa coisa?
“É um encadeamento lógico de como a gente vai fazer para casar uma transformação em uma realidade, então eu olho lá os objetivos de desenvolvimento sustentável e eu digo: bom, a minha visão é chegar nisso, como que eu vou fazer? Vou fazer isso que vai acontecer tal coisa, então logicamente eu consigo explicar como que eu vou gerar meu impacto”, disse.
Para iniciar e nortear esse processo, o especialista aponta uma segunda ferramenta bem conhecida que é o modelo Canvas. “Ele descreve a lógica de como o negócio vai operar, quem são meus clientes, qual minha proposta de valor, como eu entrego esse valor para meus clientes”, explicou.
Para se encaixar nesse modelo, é preciso que o negócio seja viável como empreendimento. Afinal de contas trata-se de um movimento comercial que precisará se auto-sustentar. Por isso, é preciso pensar em fontes de receitas mais amplas.
Outra maneira de construir uma forma capaz de impactar a vida das pessoas é construindo junto com elas. Por isso, valide suas hipóteses para elas. Saia do escritório e vá até o mais interessado em consumir o produto ou usufruir o serviço.
Ellen Carbonari, economista e head de impacto da Semente, aprofunda esse aspecto, e traz um exemplo real de como tem funcionado essa validação na empresa.
“Você tem lá sua hipótese de público alvo e dentro delas as suas personas. Então você faz uma publicação em algum canal, como Instagram, Facebook ou outras formas de divulgar essa proposta de valor e ver se essas pessoas se engajam em torno dela e tenta metrificar isso. Você mensura esse engajamento e a partir disso tentar criar um canal de comunicação direto com as pessoas que se manifestaram”, explica.
Mesmo com todas as precauções tomadas, podem acontecer erros, mas isso não pode ser motivo para inviabilizar seu projeto.
Ainda que tenha lançado o protótipo, não deixe de fazer as correções necessárias e, se for preciso, não tenha receio de mudar. Para desenvolver uma solução, às vezes será preciso alterar a rota e pegar outra direção.
Ellen acredita que em qualquer negócio é preciso colocar a equipe na mesa, e que em negócios de impacto isso se torna fundamental. A escuta deve extrapolar a dos sócios, e seguir para um processo empático.
“A gente tem que tratar com todos os atores, beneficiários, os clientes que estão nesse ecossistema. É super importante construir a teoria da mudança com essas pessoas na mesa. Se você conseguir colocar esses atores relevantes que consigam contribuir, vai ser melhor ainda para se construir de forma colaborativa. Por que? Bom porque a gente vai conseguir sair de um debate superficial e entrar cada vez mais nas causas raízes”, concluiu.
Essa bate papo sobre como estruturar um negócio de impacto continuou no Impactcast, o podcast de impacto da Semente.
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