A sua empresa está segura no mercado? Você consegue afirmar com confiança que daqui a um ou dois anos não surgirão concorrentes com soluções melhores do que as suas? Sua empresa conhece as tecnologias potencialmente disruptivas que estão emergindo? Sua empresa seria capaz de se adaptar e sobreviver caso surgisse um concorrente inovador que roubasse uma fatia significativa do seu mercado? Se você respondeu que “sim” às perguntas anteriores, provavelmente não precisa ler este texto – sua empresa já deve ter boas práticas de inovação corporativa.
Se você faz parte da esmagadora maioria dos profissionais, deve ter respondido que “não” pelo menos uma vez. Não se preocupe – você não está só. Convenhamos que, após os profundos abalos sofridos por gigantes como Kodak, Nokia e Blockbuster (para citar alguns dos exemplos mais famosos), parece até um pouco ingênuo achar que sua companhia pode estar 100% “segura” no mercado. Ainda mais após o coronavírus.
A questão é: como organizar uma empresa para que ela consiga operar com excelência no dia-a-dia, ao mesmo tempo em que observa e interage constantemente com as novidades, criando novas soluções e evitando ser pega de surpresa.
Ao terminar de ler este texto, você terá uma ideia melhor sobre:
- Por que o mundo muda cada vez mais rápido.
- Como estas mudanças estão acontecendo.
- Quais habilidades de inovação corporativa sua empresa precisa ter para se adaptar às mudanças.
- Como você pode contribuir (e de quebra melhorar seu currículo).
Por que o mundo muda cada vez mais rápido?
Ao longo da história da humanidade, pessoas cooperaram para inventar formas de melhorar suas vidas. A invenção da agricultura melhorou substancialmente a nutrição, a invenção da indústria barateou bens de consumo, a invenção da internet possibilitou a comunicação em tempo real com o mundo todo… Poderíamos citar inúmeros exemplos, mas o ponto é que as inovações humanas vêm acontecendo há muito tempo – elas estão longe de ser exclusividade da nossa época.
O que chama a atenção atualmente é a quantidade de novas tecnologias, a velocidade com que elas surgem e a rapidez com que se espalham pelos mercados globais. Vale a pena bater o olho neste artigo da Wikipedia e ver como a escala de tempo vai mudando entre invenções importantes. Se for olhar o artigo, já observe que no passado recente a maioria das novas tecnologias foi trazida ao mundo por empresas.
Empresas são grupos de pessoas que cooperam para atender às necessidades dos seus clientes em troca de uma remuneração. Se a remuneração recebida é maior do que os custos que a empresa teve para atender às necessidades dos clientes, a empresa tem lucro e continua existindo. Se uma empresa conseguir cooperar melhor e diminuir os seus custos ou aumentar sua entrega de valor, terá mais lucro, terá um lucro extraordinário.
Acontece que, desde a revolução industrial, o número de empresas que existe no mundo vem aumentando muito rápido. A concorrência força as empresas a criarem formas mais eficazes de atender aos clientes. Quando uma empresa encontra uma forma melhor de produzir, suas concorrentes observam este movimento e o imitam. Ou seja: os lucros extraordinários não duram para sempre.
O Fluxo Circular na figura representa o “estado normal”, em que a empresa aufere um lucro que não se destaca em relação à sua concorrência
A busca por lucros extraordinários leva à aceleração da criação de novas tecnologias. Conforme novas tecnologias vão sendo criadas, as antigas vão ficando obsoletas. Com mais pessoas no mundo, mais empresas concorrendo e a difusão acontecendo mais rápido, o ritmo das mudanças tende a se acelerar. É por isso que o mundo muda cada vez mais rápido.
Como estas mudanças estão acontecendo?
As empresas mais inovadoras do mundo entendem bem o processo explicado na seção anterior. Seus mecanismos de cooperação (internos e externos) estão bem azeitados para torná-las verdadeiras máquinas de inovação corporativa. Estas empresas são capazes de equilibrar a geração de caixa (a execução dentro do Fluxo Circular), com iniciativas sólidas de inovação.
Nesta seção, iremos explorar alguns veículos de inovação utilizados atualmente pelos principais players do mercado. Buscaremos entender como inovam as empresas mais inovadoras do mundo hoje.
- Departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento
As empresas dominantes no mercado só são dominantes por que seu produto entrega um valor real aos clientes. Para garantir a qualidade dos produtos, a adequação às normas legais e técnicas, aceitabilidade pelo mercado, entre outros fatores, o setor de P&D entra em cena.
Este setor diversas vezes está ligado ao core da empresa, ou seja, os produtos que garantem o caixa. Também pode estar relacionado a melhorias de processos internos, com foco em redução de custos.
Case de sucesso em P&D, a Johnson & Johnson costuma investir bastante em poucas áreas, mantendo suas pesquisas próximas do seu Core. A gigante americana define muito claramente as etapas de projetos de P&D, criando marcos (gateways) de projeto claros para modular o investimento ou cortar verbas.
- Corporate Venture Capital
Conhecido em português como Capital de Risco, trata-se de investimento de empresas em startups (especialmente na aquisição de cotas de participação). Desta forma, empresas estabelecidas podem administrar seu risco comprando empresas com modelo de negócio num estágio posterior de validação.
Case de interesse de CVC é a BMW iVentures. A empresa busca latitude nos seus investimentos de Venture Capital, dando lugar a outros indicadores que não unicamente os financeiros. O alinhamento estratégico dos projetos é fundamental, e existem espaços claros na empresa em que se pode compartilhar histórias de sucesso.
- Aceleradora
Aceleradoras são locais propícios para o desenvolvimento de startups. Podendo estar conectadas ou não a universidades ou centros de pesquisa, aceleradoras provêm diversos tipos de apoio a startups: desde mentorias especializadas até sessões de formação de rede. Aceleradoras corporativas podem ser ótimos veículos de inovação, mas empresas também podem estar atentas a startups que surgem nas aceleradoras próximas de si.
No Brasil, temos diversos cases de sucesso em aceleradoras como a RAIAR, do Tecnopuc. Conectadas à universidade e a todo um ecossistema empreendedor, as startups têm chances reais de alavancar seus negócios – inclusive interagindo com empresas maiores instaladas no local.
- Programas de Intraempreendedorismo
Dentro de casa há muitos talentos – e o melhor de tudo, talentos que conhecem realmente a realidade e as dores da empresa. Por isso, muitas empresas optam por estruturar programas de intraempreendedorismo. Nestes programas, colaboradores da empresa trazem ideias, realizam treinamentos, elaboram e gerenciam projetos.
Os colaboradores recebem diversos tipos de incentivos para participar destes processos, desde reconhecimento das lideranças até potenciais retornos financeiros relacionados ao faturamento de novos produtos. É bastante frequente que estes programas estejam voltados a melhorias de processos produtivos.
Case relevante de intraempreendedorismo é o da 3M, que tem uma cultura de inovação tão forte a ponto de a inovação fazer parte das metas e indicadores de toda a empresa.
- Parcerias com startups ou M&A
Ao realizar parcerias comerciais com startups, empresas estabelecidas esperam preços menores e soluções mais aproximadas às suas necessidades específicas. Um modelo frequente no mercado é a realização de Provas de Conceito (POCs, em inglês, Proof of Concept). Neste modelo, startup e empresa se reúnem e definem um escopo de projeto, e a empresa costuma cobrir a totalidade dos custos. A vantagem para a startup é nítida – obter um contrato relevante e uma parceira de peso que tem interesses claros em que seu negócio dê certo.
É comum que empresas lancem desafios ao mercado, de acordo com a sua estratégia de inovação. As startups podem se inscrever para tentar resolver estes desafios por meio de Provas de Conceito e posteriormente podem ser contratadas.
No Brasil, um case relevante desta prática é o Instituto Hélice. Através do Hélice, empresas locais consolidam desafios relacionados a áreas como Educação e Saúde
Existem outras formas possíveis de inovar, é claro. É possível que você encontre exemplos de práticas que misturam um ou mais destes veículos de inovação. Lembre-se: cada empresa tem a sua realidade e precisa adequar a sua estratégia de inovação corporativa a esta realidade.
Quais habilidades de inovação corporativa sua empresa precisa ter para se adaptar às mudanças?
Até aqui, vimos que seus concorrentes são pessoas criativas buscando lucros extraordinários. Entendemos que, atualmente, existem diversas iniciativas possíveis de inovação, e você pode adaptá-las às necessidades da sua empresa. Nesta seção, exploraremos algumas habilidades essenciais em que sua empresa pode investir para se tornar mais inovadora.
- Monitorar Tendências de mercado
Olhar para o mercado e identificar potenciais oportunidades e ameaças é absolutamente crucial. Obviamente, falar é muito mais fácil do que fazer. É preciso que a empresa dedique recursos para monitoramento de tendências, seja através do comparecimento em eventos relevantes, leitura frequente de relatórios de mercado, rede de contatos bem desenvolvida e diálogo frequente com a base de clientes.
Além de apenas monitorar, entender como as tendências se relacionam com a estratégia de inovação da empresa. Aqui, é muito útil ter uma tese de inovação bem definida – a Semente pode te ajudar com isso.
- Olhar para o Core e avaliar a curva dos produtos
Conforme vimos no início, tecnologias se difundem e coisas que hoje geram bons lucros podem deixar de fazê-lo em breve. É preciso conhecer (ou pelo menos estimar) o estágio da curva de adoção (ver Curva de Adoção de Rogers) em que cada produto se encontra.
Para conseguir mensurar isto, é preciso ter bons indicadores e inteligência de mercado. O mapeamento de tendências também ajuda nesta etapa, pois fornece informações sobre quais linhas de produto podem estar em risco no curto, médio e longo prazo.
- Saber testar
Fazer bons testes e boas validações de mercado é super importante. Sua empresa precisa entender técnicas de Customer Development e Design Thinking para isto. Estas técnicas ajudam significativamente na administração dos riscos relacionados aos projetos de inovação.
- Desenvolver rápido
O mercado não funciona em prazos de dois ou três anos. Especialmente no mundo digital. É preciso saber trabalhar com métodos de desenvolvimento ágil, sob risco de perder o tempo certo de levar soluções ao mercado.
- Manejar Risco
Inovação sempre envolve risco. Não inovar também é um risco. Sendo impossível operar no mercado sem arriscar, o ideal é saber no maior nível de detalhamento possível a quais e quantos riscos estamos expostos.
Manter um Portfólio de Inovação bem balanceado é uma ótima maneira de fazer isso. E adivinha só? A Semente pode te ajudar com isso também.
- Acompanhar os indicadores certos
Saber o que medir é tão importante quanto efetivamente medir. No desenvolvimento ágil de projetos, que bebe das fontes do Customer Development e Design Thinking, se estabelecem métricas e indicadores para enquadrar projetos em etapas diferentes de um funil, um pipeline de inovação.
Este pipeline auxilia na hora de decidir alocar mais ou menos recursos para os projetos, considerando as probabilidades de retorno e risco. Tendo métricas claras desde o início, fica muito mais fácil negociar apoio e orçamento junto às lideranças da empresa.
- Comunicar de forma eficaz
Toda empresa tem problemas de comunicação, já que é impossível ter uma comunicação 100% clara e compreendida igualmente por todos colaboradores. Sempre haverá divergências interpretativas, porém é preciso que a empresa minimize estas diferenças na medida do possível – especialmente quando se trata de inovação (projetos em que o retorno financeiro pode acabar não sendo a métrica mais atraente num primeiro momento).
Aqui, novamente, uma tese de inovação bem estruturada, combinada com técnicas de storytelling, podem ser a diferença entre o sucesso e o fracasso.
Como a inovação corporativa pode melhorar o seu currículo
Até agora, procurei convencer você de que é importante sua empresa ter uma estratégia clara e bem comunicada de inovação corporativa. Procurei mostrar algumas maneiras através das quais seria possível fazer isso. Nesta seção, o objetivo é mostrar que habilidades relacionadas à inovação são habilidades cada vez mais valorizadas no mercado – e a tendência é que isso não mude tão cedo.
Empresas precisam de agentes internos de transformação – pessoas que não se intimidam perante as constantes mudanças e à incerteza, e lideram a organização em direção a lucros extraordinários. No relatório do Fórum Econômico Mundial sobre o Futuro do Trabalho, competências como “Habilidade Analítica e Inovação” e “Criatividade, originalidade e iniciativa” estão crescendo consistentemente no ranking de habilidades profissionais mais importantes.
- Faça as pazes com a mudança e a incerteza
O contexto em que vivemos é incerto para todos. Empresas, governos, indivíduos e outras entidades das mais variadas – todas lidam com incerteza e risco. É muito comum que mudanças substanciais ocorram (seja no jeito de trabalhar, seja no modelo de entrega de valor ao cliente) e você não pode mais ser aquela pessoa que sempre resiste a todas as mudanças.
O objetivo é aprender a abraçar a mudança, entendê-la e (se possível) medi-la e influenciá-la.
- Aprenda a Jogar o Jogo
Em corporações, existe um contexto político que permeia todas as decisões. Isto é perfeitamente natural, afinal a “política” é a forma de decidir como agir. É comum que haja hierarquias (por vezes excessivamente rígidas) e disputas de poder (por vezes excessivamente mesquinhas). Não adianta negar a existência do ‘jogo político’ – é preciso fazer parte dele, construindo relacionamentos e angariando apoio para as iniciativas de inovação.
Não esqueça jamais que a parte financeira é fundamental – é ela quem garante o seu lugar à mesa para início de conversa
- Aprenda a comunicar de maneira eficaz e apreciativa
Desenvolver habilidades de oratória não é tudo quando se trata de boa comunicação. Em grandes empresas, ouvir bem é tão importante quanto falar bem. A inovação muitas vezes encontra barreiras internas na empresa por pura falta de escuta e entendimento. É preciso mostrar que a necessidade de inovar não significa que o que fazemos hoje está errado – pelo contrário. Quem inova de verdade conhece e valoriza os méritos da empresa em que trabalha (afinal, se a empresa não tivesse méritos nem teria se tornado uma empresa relevante).
O segredo é mostrar que se entende, valoriza e aprecia o que já é feito, e mostrar que podem existir caminhos para melhoria e a intenção é percorrer este caminho em união.
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