Já explicamos aqui anteriormente o que é portfólio de inovação, a importância do seu gerenciamento para a construção de empresas inovadoras e expomos algumas dicas de metodologias disponíveis no mercado para realizar o seu balanceamento ideal.
No entanto, essas metodologias acabam sendo bastante subjetivas, visto que traçam um padrão segundo os tipos de empresa, não levando em consideração premissas como mercado, tendências e a própria cultura da organização. Com a era da informação e tendências como analytics e big data cada vez mais em evidência, não faz sentido não se utilizar de dados mais concretos para traçar estratégias voltadas à inovação, visto que o intuito da análise de dados é justamente minimizar, ao máximo possível, a subjetividade na tomada de decisão.
Quando falamos em construir empresas inovadoras, além da cultura da inovação, precisamos pensar em como gerar resultados, uma vez que, precisamos aspirar a inovação como sendo um meio e não propriamente um fim. Dessa forma, pensar em como a inovação irá impactar o portfólio da empresa no presente e no futuro, conforme as estratégias de crescimento que traçamos, acaba sendo um passo primordial.
Por isso, abaixo veremos como a metodologia de balanceamento de portfólio baseada em premissas, criada pela Semente, funciona.
1ª Etapa: Mapeamento
Quando iniciamos um trabalho voltado ao gerenciamento do nosso portfólio de inovação, a primeira etapa a qual devemos despender atenção é em investigar quais são os projetos de inovação nos quais a empresa já está investindo, e classificá-los dentro dos Horizontes de Inovação (Core, Adjacente e Transformacional). Neste momento também é importante definir o significado prático de “inovação”, que permitirá diferenciar aqueles projetos que são considerados inovação daqueles que são melhorias intrínsecas ao negócio.
Mapeados os projetos, é necessário verificar o valor monetário investido em cada um deles levando em consideração tanto investimentos diretos, como investimentos de tempo das pessoas envolvidas. Posteriormente, basta calcular o percentual investido em cada horizonte de inovação. O resultado representa a posição atual do Portfólio de Inovação da empresa.
2ª Etapa: análise de premissas
A segunda etapa consiste em analisar as premissas que impactam ou irão impactar o negócio da empresa. Elas são divididas em 2 grandes grupos:
1- Premissas internas: são aquelas em que a empresa tem poder de ação direta;
2- Premissas externas: são aquelas em que a empresa não tem poder de ação direta, no entanto, consegue traçar algumas estratégias para se posicionar de maneira competitiva.
Na metodologia proposta pela Semente Negócios, cada premissa possui uma pontuação de 1 à 5, sendo que 1 representa “pouco” e 5 representa “muito”. Quanto mais perto do 1, maior a probabilidade da empresa ter que investir mais em Core. Quanto mais próximo ao 5, maior a probabilidade da empresa ter que investir no transformacional.
As premissas utilizadas são as seguintes:
INTERNAS
1- Modernidade dos atuais produtos (obsolescência): representa o quão modernos os produtos da empresa estão frente ao mercado e consumidores que ela atende.
2- Propensão ao risco: representa qual o apetite atual de risco da empresa. Quanto mais próximo ao 1, mais conservadora, quanto mais próxima ao 5, mais ousada.
3- Nível de ambição da Tese de Inovação: representa o quão ambicioso é o sonho de onde a empresa quer chegar com a inovação.
4- Disponibilidade de recursos para investir: refere-se aos recursos financeiros disponíveis para investir em inovação.
5- Capacidade de atuar frente às tendências: nessa premissa a empresa precisará analisar todas as tendências que impactam em seu negócio e verificar qual a sua capacidade atual de trabalhar com cada uma delas. A nota desse critério será uma média da capacidade de atuação de todas as tendências.
6- Capabilities internas de inovação: empresas inovadoras precisam ter colaboradores com habilidades e conhecimentos para trabalhar com inovação. Dessa forma, esse item analisa justamente como os talentos da empresa estão preparados para isso. Cabe ressaltar que a pontuação 5 não representa que a empresa detém todo o conhecimento, no entanto que, neste momento, sente-se preparada para trabalhar com inovação. Realizar um diagnóstico de inovação pode auxiliar nesse critério.
7- Apropriabilidade dos produtos e soluções (dificuldade de cópia): representa qual a dificuldade que concorrentes e/ou novos entrantes no mercado tem de copiar os produtos ou soluções da empresa.
EXTERNAS:
1- Concentração de mercado (dificuldade de entrada – Índice Herfindahl): representa o quanto o mercado é concentrado em poucos players ou muitos players. O Índice Herfindhal é o indicador economicamente utilizado para essa premissa e serve como orientador para a definição de um valor.
2- Intensidade da competitividade do mercado: essa premissa busca complementar a premissa anterior, analisando o quão acirrada é a competitividade do mercado em que a empresa está inserida.
3- Impacto das Tendências no mercado de atuação: assim como a premissa de Capacidade de atuar frente às tendências, empresas inovadoras precisam sempre estar atentas às tendências que impactam seus negócios. Dessa forma, a pontuação deste item será a média do impacto de todas as tendências priorizadas pela empresa.
4- Velocidade de impacto das tendências: analisa qual a velocidade de impacto das tendências priorizadas pela empresa.
5- Sinal de disrupção do mercado: analisa qual a probabilidade de surgir um novo negócio que irá quebrar a lógica de mercado existente atualmente dentro dos nichos em que a empresa atua.
6- Disponibilidade de financiamento externo ou Leis de Incentivo (não-reembolsável): representa as disponibilidades e/ou incentivos do Governo ou Entidades de Fomento para o trabalho com inovação. Esse critério refere-se apenas a recursos não-reembolsáveis ou Leis que gerem retornos financeiros ou isenção/redução de tributos, como a Lei do Bem.
3ª Etapa: Comparação
O resultado gerado após as discussões das premissas demonstra o cenário indicado de investimentos dentro do Portfólio de Inovação da empresa. Ele deve ser comparado com o Portfólio atual e analisar quais os ajustes que devem ser feitos em busca do melhor equilíbrio, que possa maximizar os resultados, possibilitando a construção de uma empresa, de fato, inovadora.
Após realizado todo esse trabalho, é importante a empresa também buscar os benchmarkings do mercado e avaliar como outras organizações do seu porte ou seu nicho de atuação estão investindo em seus portfólios de inovação. Apesar de ser uma informação bastante ampla, olhar para o mercado também é importante para a formação de uma empresa inovadora. No entanto, analisar aprofundadamente as premissas que impactam diretamente o seu negócio, acaba sendo mais efetivo na definição de suas estratégias de inovação.
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