Imagine um cenário onde cidades enfrentam enchentes recorrentes devido ao desmatamento desenfreado, comunidades carentes lutam por acesso a recursos básicos, e milhões de pessoas são excluídas do mercado de trabalho por questões de gênero, raça ou origem. Não é difícil, certo? Esses são pontos de contato entre as realidades do nosso dia a dia que desafiam a sociedade e o planeta. Diante desses problemas, surge uma pergunta inevitável: como conciliar o desenvolvimento econômico com soluções reais para tais desafios? Parte da solução está nos negócios de impacto, um movimento que está revolucionando a forma como enxergamos a economia hoje.
Esses empreendimentos unem rentabilidade financeira à geração de impacto socioambiental positivo, provando que é possível fazer dinheiro enquanto se resolvem problemas reais. Mas o que exatamente define um negócio de impacto? Quais são as tendências e desafios desse ecossistema em constante evolução?
Vamos mergulhar nesse universo e explorar como esses negócios estão moldando um futuro mais justo, inclusivo e sustentável no Brasil e no mundo.
O que são negócios de impacto?
De acordo com a Estratégia Nacional de Economia de Impacto (Enimpacto), negócios de impacto são empreendimentos que têm como missão gerar impacto socioambiental positivo de forma intencional e mensurável, aliado à sustentabilidade financeira. Ou seja, são empresas, cooperativas ou organizações que buscam soluções de mercado para problemas como a desigualdade social, mudanças climáticas e exclusão econômica, por exemplo, sem depender exclusivamente de doações ou subsídios.
A grande diferença em relação aos negócios tradicionais é que, nesses casos, o impacto positivo não é um mero efeito colateral, mas o coração do negócio. O intuito não é criar uma divisão dentro da empresa que se preocupe em remediar danos ou que promova ações sociais. Mas ter todo o trabalho direcionado para a geração de impacto positivo. Essa abordagem está alinhada à chamada Nova Economia, um modelo que prioriza a inclusão, a equidade e a regeneração do meio ambiente – sem deixar de lado o lucro.
O crescimento dos negócios de impacto no Brasil
Nos últimos anos, o ecossistema de impacto no Brasil deu um salto significativo. A Enimpacto, lançada em 2017 e remodelada em 2023, é tão nova quanto a maioria dos negócios de impacto brasileiros. Um levantamento realizado pela Pipe.Social mostrou que 76% de todos os empreendimentos dessa categoria no país foram criados nos últimos 10 anos.
Dados do Plano Decenal da Enimpacto mostram que o volume de investimentos quadruplicou entre 2017 e 2022, enquanto o número de negócios de impacto dobrou. Além disso, grandes instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil já lançaram fundos específicos para o setor, totalizando mais de R$ 1,5 bilhão em recursos.
O Brasil não apenas se destacou no cenário nacional com um crescimento tão exponencial, mas também se tornou uma referência global em investimentos de impacto. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Reino Unido, por exemplo, enxergam o país como um modelo a ser seguido por nações que desejam fomentar esse tipo de economia.
Tendências e oportunidades no ecossistema de impacto
Antes de explorar as novidades que estão moldando o mercado, é essencial entender que esse crescimento vai além de uma tendência. À medida que surgem novas demandas e preocupações socioambientais, o espaço para ação continua se expandindo. Negócios de impacto são criados com a capacidade de enfrentar não apenas os desafios atuais, mas também os que surgirem no futuro. Estão sempre alinhados a uma rede com um propósito transformador, à frente de novos desafios e prontos para fazer a diferença.
Expansão dos investimentos de impacto
O mercado brasileiro está atraindo investidores que buscam retorno financeiro aliado a impacto positivo. Modelos de blended finance, que combinam recursos públicos e privados, estão ganhando cada vez mais força.
Foco em bioeconomia e sustentabilidade
Setores como agricultura regenerativa, soluções de descarbonização e energia renovável estão no centro das novas iniciativas de impacto, refletindo a urgência climática e a busca por alternativas sustentáveis. Para se ter uma ideia, em 2023 a energia renovável foi responsável por 49,1% da matriz energética brasileira. Essa é uma marca recorde e figura acima da média mundial, que é de 30%.
Inclusão e diversidade
O Plano Decenal da Enimpacto prioriza o apoio a negócios liderados por mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e comunidades tradicionais, promovendo uma economia mais representativa, inclusiva e comandada por quem lida diretamente com os desafios estruturais.
Digitalização e escalabilidade
A tecnologia avança cada vez mais e está sendo uma grande aliada dos negócios de impacto, com o uso de inteligência artificial, big data e plataformas digitais para ampliar o alcance e a eficiência das soluções.
Desafios do setor
Apesar do crescimento, ainda existem desafios importantes:
- Falta de acesso a capital: Pequenas e médias pessoas empreendedoras de impacto ainda enfrentam dificuldades para acessar investimentos adequados ao seu perfil.
- Dificuldades na medição de impacto: Mensurar e comunicar resultados concretos é essencial para atrair investidores e validar a proposta de valor.
- Regulação e ambiente institucional: A falta de um marco regulatório mais claro para o setor ainda representa um obstáculo.
Outro ponto importante é a necessidade de ampliar o conhecimento e a conscientização sobre os negócios de impacto entre consumidores e grandes empresas. Muitas corporações ainda não incorporam esses negócios em suas cadeias de valor, e o público em geral segue dando sinais de que isso importa.
Logo, garantir um ecossistema mais inclusivo e acessível será essencial para que os negócios de impacto cumpram seu potencial transformador e contribuam para uma economia verdadeiramente equitativa e regenerativa.
Negócios reais que fazem a diferença
Um exemplo inspirador é a Meu Pé de Árvore, uma plataforma que conecta pessoas e empresas a projetos de reflorestamento e conservação ambiental. Fundada em 2021 por um trio composto por um advogado, um biólogo e um gestor ambiental, a organização é alinhada aos princípios ESG e tem as práticas regenerativas como propósito principal.
Por meio de uma abordagem inovadora, eles permitem que indústrias, empresas, escolas e até eventos financiem o reflorestamento da região, a partir de um trabalho realizado por famílias agricultoras locais, contribuindo diretamente para a recuperação de áreas degradadas e para a mitigação das mudanças climáticas. Desde então, já foram plantadas mais de 20 mil árvores.
E como fica o futuro nisso tudo?
As perspectivas são boas: o setor de negócios de impacto deve continuar crescendo e se consolidando como um dos principais motores da nova economia. O Plano Decenal da Enimpacto estabelece metas ambiciosas até 2032, como a alocação de R$ 120 bilhões em investimentos de impacto e o crescimento significativo do número de empreendimentos no país.
Além disso, a adoção de modelos de impacto por grandes corporações, aliada à evolução das políticas públicas e do ecossistema de fomento, pode acelerar essa transição. Da mesma forma, a crescente conscientização dos consumidores e a pressão por práticas mais sustentáveis devem potencializar ainda mais o setor.
Se você é uma pessoa empreendedora, investidora ou alguém que quer fazer parte dessa mudança, vem com a gente! Os negócios de impacto são uma necessidade para um mundo que precisa de soluções rápidas.
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