Possivelmente você que está lendo esse conteúdo conheça, ou pelo menos já tenha ouvido falar sobre a ISO, certo?
Caso não conheça, a ISO (International Organization for Standardization), ou Organização Internacional de Padronização, é um meio de promover a normalização de produtos e serviços, a partir de normas para que a qualidade seja melhorada nas empresas.
Ou seja, se sua empresa segue as normas da ISO, tem maior garantia de confiança para entregar sua solução alinhada às expectativas dos seus clientes.
Como principalmente médias e grandes empresas adotam diversas normas da ISO nas suas operações para alcançar os objetivos citados acima, essa sigla é comum no vocabulário corporativo, tornando sua adoção mais almejada pela alta liderança, já que dá um selo de qualidade à corporação.
Assim, uma crítica que tínhamos na Semente há algum tempo é a inexistência de uma ISO voltada à inovação corporativa para que esta possa ser endossada por uma organização mundialmente reconhecida.
Pois bem, recentemente, foi lançada a ISO 56000, a qual define padrões de definições, ferramentas, estruturas e metodologias para a qualidade na gestão da inovação em corporações (e quaisquer outras organizações).
Especificamente a ISO 56002 estabelece diretrizes para o estabelecimento, implementação, manutenção e melhoria contínua de sistemas de gestão da inovação, podendo ser seguida por quaisquer organizações, não importado tamanho ou segmento de atuação.
A ISO 56002 é interessante porque incentiva as organizações a pensarem de forma diferente ao executarem projetos de inovação, bem como propusemos ao criarmos a metodologia Corporate-up.
Diferentemente de uma metodologia de inovação corporativa (como), a ISO 56002 detém-se a apresentar diretrizes e algumas boas práticas (por que e o que) para empresas implementarem um sistema de gestão da inovação.
Resumidamente, ela divide-se em sete blocos:
- Contexto organizacional
- Liderança
- Planejamento
- Suporte
- Operação
- Avaliação de desempenho
- Melhoria
Os 7 tópicos da ISO 56002:
1 – Em relação ao contexto organizacional, o foco é em entender questões internas e externas que são relevantes para a organização alcançar os resultados almejados.
- No ambiente externo, são analisadas questões políticas, econômicas, sociais, tecnológicas, ambientais, legais, geográficas, a fim de criar-se potenciais cenários futuros, probabilidade de impacto de tendências, identificação de oportunidades e ameaças, bem como quais partes interessadas a empresa deve ser aproximar.
- No ambiente interno, são consideradas competências e ativos que a empresa tem ou precisa desenvolver para desempenhar melhor trabalho com inovação, como o seu direcionamento estratégico e principais competências, práticas de gestão que a empresa já possui, desempenho que a empresa já possui em relação à inovação, processos e orçamentação da inovação, aspectos culturais, preparação dos talentos, entre outros aspectos.
Ressalta-se nesse bloco o estímulo à cultura de inovação e colaboração. Trata-se como cultura de inovação a abertura a novas ideias, foco no cliente ao desenvolver soluções, encorajamento de experimentação e aprendizagem, o networking interno e externo, o respeito e incentivo à diversidade.
Chamo atenção a duas questões que são muito difíceis de mudar na cultura organizacional: a utilização de evidências e dados para a tomada de decisão (hipótese > experimento > validação ou refutação > tomada de decisão) e a co-existência de planejamentos e processos lineares e não lineares, lembrando que o projeto de inovação nem sempre termina tal como foi planejado, pois aprendizados durante o processo podem mudar o próprio processo, e a empresa deve estar ciente e ser flexível para abraçar isso.
2 – Em relação à liderança, os principais direcionamentos são relativos ao comprometimento da mesma em relação aos projetos de inovação e ao sistema de gestão da inovação como um todo.
De acordo com as diretrizes, a liderança em todos os níveis deve estabelecer foco em realização de valor, então é fundamental que esteja constantemente explorando oportunidades, entendendo ameaças, considerando o apetite a risco e tolerância a fracassos, promovendo métodos de inovação voltados à experimentação e prototipação, e finalmente garantindo a correta implementação dos projetos.
Assim, deve estabelecer a visão que se quer dar para a inovação, bem como a estratégia para alcançar tal visão e a política de inovação que fornece a estrutura para os projetos acontecerem.
É papel da liderança também a comunicação de todos esses direcionamentos para guiar os demais colaboradores na criação de projetos de inovação.
3 – No bloco de planejamento, apesar de a inovação ter suas nuances em relação a outros processos devido ao maior nível de incerteza atrelado, permanece a importância de se ter um planejamento que contemple objetivos e resultados esperados, como pretende-se alcançá-los com indicadores a serem impactados, áreas envolvidas e monitorando constantemente oportunidades e ameaças.
Deve-se atentar às estruturas organizacionais, garantindo que a inovação seja bem-sucedida seja dentro da mesma estrutura ou em estrutura à parte.
Ainda, o estabelecimento de portfólio de inovação é fundamental para que a empresa consiga priorizar, monitorar e avaliar iniciativas de inovação em todos os horizontes.
4 – Em suporte, as diretrizes apontam para a necessidade de garantir recursos necessários para que a inovação ocorra.
Esses recursos são talentos com treinamento apropriado para inovar, tempo dedicado à inovação, recursos financeiros adequados, infraestrutura que facilite o desenvolvimento das iniciativas, promoção da visão, estratégia, política e demais aspectos que guiem as iniciativas, comunicação clara a todos os níveis, documentação disponível e atualizada, ferramentas e metodologias apropriadas para inovação e aspectos relativos à propriedade intelectual de soluções desenvolvidas a partir das iniciativas.
5 – No que tange à operação, as diretrizes recomendam procedimentos para desenvolver iniciativas de inovação, incluindo cuidados que se deve ter até qual veículo de inovação deve ser adotado – iniciativa interna, parceria com outras empresas, investimento em outros negócios, etc.
Acima de tudo, esse bloco direciona que as organizações devem ser capazes gerenciar o processo caórdico de identificar oportunidades, criar conceitos, validar conceitos, desenvolver soluções e implementar soluções.
6 – Na avaliação de desempenho do sistema de gestão da inovação, a organização deve considerar sempre ter indicadores quantitativos e qualitativos que mensurem não só os resultados (output ou indicadores de impacto), mas também de esforço (input ou indicadores de atividade).
Estes devem ser constantemente monitorados, analisados e avaliados para gerarem melhorias no sistema de gestão da inovação.
7 – No último bloco, aquele que apresenta diretrizes voltadas à melhoria, como todos os processos que passam pelo PDCA, as melhorias devem ser feita periodicamente para garantir que procedimentos estão sendo seguidos e corrigir as não conformidades. O processo de melhoria contínua baseado em aprendizados é fundamental para a evolução do sistema.
A “ISO da inovação” fornece diretrizes que, apesar de extensivas, evitam o engessamento do sistema de gestão da inovação. As organizações que desejam implementá-la, no entanto, devem ter consciência que, na inovação, a execução é que gera o aprendizado mais relevante, e não o planejamento.
Portanto, a implementação da ISO 56002 pode ser dada aos poucos, garantindo diretrizes básicas e permitindo que iniciativas de inovação sejam logo implementadas.
Link para ISO 56000:2020 – https://www.iso.org/standard/69315.html
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